A história das histórias em quadrinhos nacionais
Em 30 de janeiro comemora-se o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos e nós preparamos um compilado sobre as HQ’s nacionais para não faltar assunto com os amigos. Dá uma olhada!
Atire a primeira pedra quem nunca leu uma história em quadrinhos na vida. Mesmo quem não tenha lido um gibi inteiro, com certeza em algum momento se deparou com as tirinhas da Mafalda que assombravam as provas de português da 5ª série.
O fato é que os quadrinhos estão no sangue de qualquer brasileiro, enraizados na cultura do país. Inclusive, acredite, o Brasil é um dos pioneiros no ramo! E em homenagem ao Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, que tal mergulharmos no universo das onomatopeias nacionais? Bora!
O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos
A data foi escolhida em homenagem a primeira HQ do Brasil, publicada há 151 anos, no dia 30 de janeiro de 1869 por Angelo Agostini, um italiano radicado no Brasil. Agostini já era conhecido por ser um repórter visual, gostava de registrar os acontecimentos em forma de desenho. Em 1866 publicou sua primeira ilustração, uma caricatura satirizando a política, no jornal O Cabrião.
Mas foi três anos depois, em 1869, que ele publicou sua primeira tirinha no jornal Vida Fluminense. A narrativa chamava-se “As Aventuras de Nhô-Quim” e, dividida em dois episódios, contava a história de um jovem caipira visitando a corte do Rio de Janeiro e se assustando com a desigualdade social da época.
As HQs no Brasil
Angelo Agostini estreou os quadrinhos brasileiros com sua publicação no jornal em 1869. Mas a primeira revista exclusiva surgiu apenas em 1905, uma obra conjunta do jornalista e cartunista Renato de Castro, do poeta Cardoso Júnior e do jornalista Manoel Bonfim. A ideia foi apresentada a Luís Bartolomeu de Souza e Silva, dono de uma revista famosa na época, que mergulhou de cabeça na produção. Deu-se então vida a “O Tico-Tico”.
“O Tico-Tico”, inspirado em revistas americanas, tinha como objetivo auxiliar no desenvolvimento infantil e foi o maior gibi que tivemos no país até hoje, com 2.097 edições publicadas em 57 anos.
Nas décadas de 40 e 50, nasceram algumas editoras nacionais que foram decisivas para o futuro das HQs no país, como a Abril, O Cruzeiro, Rio Gráfica e Editora e Brasil América LTDA – EBAL. A Abril, muito conhecida até hoje, começou a trazer para o Brasil alguns quadrinhos famosos no exterior, o que acabou ajudando na popularização do gênero. Com o sucesso, a Disney criou o famoso “Zé Carioca”, personagem brasileiro que ganhou destaque em HQs internacionais.
Desde então os quadrinhos brasileiros foram ganhando cada vez mais força e se tornando populares. Com isso, surgiram inúmeras revistas e o gênero passou a ser considerado como a nona arte no país.
Entretanto, na década de 50, a concorrência interna com as HQs americanas e seus heróis – destaque para Marvel e DC Comics – ficou acirrada. Para competir, alguns heróis das novelas de rádio brasileiras ganharam suas versões de HQs, como O Vingador, de Péricles de Amaral e Fernando Silva, e Jerônimo – o Herói do Sertão, de Moisés Weltman e Edmundo Rodrigues.
Foi na década de 60 que o mercado nacional de fato explodiu quando dois dos maiores autores brasileiros vieram à tona. Em 1960, Ziraldo lançou o Pererê pela editora O Cruzeiro. Mais tarde, ele criou o Menino Maluquinho, outro ícone de destaque que ganhou versões de filme e séries na TV.
Já Maurício de Sousa nos apresentou o que seria o maior fenômeno das HQs nacionais e um dos maiores sucessos internacionais, a Turma da Mônica. Os personagens apareceram primeiro nos quadrinhos do jornal Folha da Manhã, onde o destaque ia para as histórias do cachorro Bidu. Tempos depois, em 1970, a Mônica, inspirada na filha do autor, roubou a cena e estrelou o próprio gibi, sendo o mais famoso do país até hoje.
O sucesso durou por muito tempo e Maurício de Sousa quis inovar; trouxe uma versão mais moderna da turma, com os personagens adolescentes. A Turma da Mônica Jovem surgiu em 2008 e conquistou o coração dos fãs. Suas quatro primeiras edições tiveram mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos!
Turma da Mônica em: o Mercado dos quadrinhos
Se podemos concluir alguma ideia desse texto é que realmente o Brasil é rico em HQs. E apesar dos Estados Unidos serem o maior mercado mundial de revistas em quadrinhos, seus índices de venda estão caindo, enquanto os brasileiros decolam.
A Maurício de Sousa Produções, responsável pelas revistas da Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem, é o maior estúdio de quadrinhos da América Latina, distribuídos por cerca de 50 países. Esse império foi construído com as visões ambiciosas do autor, que busca sempre inovar e surpreender.
Quando Maurício viu os números de venda da Turma da Mônica Jovem começarem a cair em 2011, lançou uma HQ em que Mônica e Cebolinha começam a namorar. Foram vendidas nada mais, nada menos, do que 500 mil cópias desta edição, a de nº34, em seu lançamento, superando o mercado norte-americano, cuja maior revistinha – Batman – teve apenas 100 mil cópias vendidas no mesmo mês.
O autor diz que seu sucesso pode se dar pelo fato de que participa ativamente tanto na parte da produção quanto na parte dos negócios, o que o ajuda a ter uma visão de mercado mais ampla. Nos Estados Unidos, é comum que as decisões passem por muitas pessoas antes de serem tomadas, dificultando o processo.
Em 2019, a Turma da Mônica ganhou sua versão no cinema em Turma da Mônica – Laços e alcançou a quarta posição nas bilheterias do mês. A sequência, Turma da Mônica – Lições, já foi confirmada e deve estrear em outubro de 2020.
E como Maurício de Sousa não se contenta com pouco, já visa entrar para o mercado digital e a área educacional, onde planeja um dia elaborar livros didáticos.
O mercado nacional das histórias em quadrinhos enfrenta algumas dificuldades hoje, como o preço de produção e o certo preconceito que sonda o gênero, considerado por alguns como infantil. Mas, apesar disso, os números não param de crescer e vemos por aí várias produções independentes tentando conquistar o seu espaço. O que não falta nos artistas brasileiros é talento e criatividade, viu? Vamos observar de perto!
Jornalista, rata de praia, fã de doguinhos e admiradora da disney. Sua playlist no spotify só dá trilha sonora de filmes pra combinar com seu jeito canceriana e sonhadora de ser.